Como falar em inclusão social e garantias de direitos quando o representante de um dos principais ministérios do país insiste em defender um ponto de vista preconceituoso? Na contramão dos movimentos sociais, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a reforçar a ideia errada de que estudantes com deficiência "atrapalham" a aprendizagem dos demais alunos das escolas regulares. 3h1vz
Em 19 de agosto, o ministro alegou que estudantes com deficiência prejudicavam o ensino dos demais e, em alguns casos, disse ser "impossível a convivência" com alguns deles. Ontem (24), em um programa de rádio, Milton Ribeiro voltou a utilizar tais termos para se referir aos alunos com deficiência que frequentam escolas regulares e insistiu que o atual governo não quer o que chamada "inclusivismo" das crianças, que esses alunos deveriam estudar em escolas próprias.
Por considerar o tom das declarações ofensivo, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo que Ribeiro seja investigado por sua postura discriminatória.
Milton Ribeiro mostra um desconhecimento ao falar sobre os possíveis efeitos da presença de crianças com deficiência nas escolas regulares do país e, assim como muitos defensores do senso comum que estão presentes no atual governo, lançam mão de estatísticas sem fundamento como justificativa. Vejamos:
A inclusão social a pela escola. O ambiente escolar vai além da transmissão do conteúdo, trata-se também do local para troca de experiências, para saber lidar com as diferenças e limitações, exercer a empatia e desenvolver habilidades que em um lugar restritivo não proporciona.
Exemplo da importância da inclusão pela educação é a forma como a comunidade escolar tem acolhido os estudantes com diferentes deficiências. Em 2005, apenas 492.908 estavam matriculadas (hoje são 1,3 milhão!), período em que 77% eram alunos de escolas exclusivas, não havia intercâmbio com outras pessoas.
A importância da socialização pela escola pode ser vista nos dois últimos censos da Educação. Houve um crescimento de 114% nas matrículas da educação profissional concomitante/subsequente, de acordo com o MEC.
É uma pena que um ministério de tamanha importância como a pasta da Educação tenha que lidar com constantes erros e preconceitos de representantes como Milton Ribeiro (e seus recentes antecessores, propagadores de falácias). Cabe a nós a resistência, já que a inclusão precisa da Educação para acontecer!
Fonte: Brasil Escola - /blog/a-educacao-a-merce-da-ignorancia-de-um-ministro-e-seus-preconceitos.htm