Dia das Mães: professoras indicam uma lista de obras sobre maternidade

Especialistas comentam sobre como a literatura auxilia na construção da figura materna dentro da sociedade
Em 09/05/2025 17h00 , atualizado em 09/05/2025 17h09 Por Jade Vieira

Mãe com filha fazendo leitura juntas
Diferentes obras literárias abordam o tema da maternidade.
Crédito da Imagem: Foto - Shutterstock
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Comemorado no segundo domingo do mês, o Dia das Mães acontece neste domingo, 11 de maio. Historicamente, o papel da mãe é tido como uma grande parte da vida da mulher – se não a mais importante. É nessa função que comumente a mulher é representada, quando não como mãe como um sonho de vida, não apenas na literatura, como também em outras artes.

A professora de literatura do Poliedro Colégio, Mariana Veiga, aponta que a figura da mãe é vista como uma imagem serena, complacente, resiliente e acolhedora, vinculada à figura cristã de Maria. No entanto, no ado, a gravidez era temida por ser algo complicado dentro da escassez de recursos médico da época.

Margarete Xavier, autora de Língua Portuguesa do Fibonacci Sistema de Ensino, conta que a célebre obra “Frankenstein” está diretamente à maternidade, após a autora, Mary Shelley, sofrer por traumas familiares. Sua mãe morreu enquanto dava à luz a ela e a própria perdeu um filho durante o parto.

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Obras literárias sobre maternidade para estudar

Para auxiliar no debate sobre a figura materna em obras literárias, as professoras indicam uma lista de livros que abordam o tema:

  • A filha perdida, de Elena Ferrante

  • Canção para ninar menino grande, de Conceição Evaristo

  • Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus

  • A pediatra, de Andrea Del Fuego

  • Véspera, de Carla Madeira

  • Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei

  • Mamãe & Eu & Mamãe, de Maya Angelou

Confira: Vestibulares resgatam obras literárias escritas por mulheres 

A figura materna na história da literatura brasileira

Kellen da Silva Nascimento, também professora de literatura do Poliedro Colégio, aponta que o tema maternidade aparece com diferentes nuances na literatura brasileira. A professora cita Iracema, romance de José de Alencar, do Romantismo, que está ligado, simbolicamente, com o início da pátria.

Ao caminhar movimentos literários no Brasil, Kellen destaca figuras maternas. Dona Glória, mãe de Bentinho, em Dom Casmurro, obra realista de Machado de Assis, tinha tanto desejo em ter um filho que fez uma promessa para que pudesse ter um.

Apesar disso, é na contemporaneidade que a maternidade adquire essa representação mais desafiadora e aberta a debates por meio da ficção. Segundo Mariana, a tendência de explorar a maternidade de forma autêntica, como uma mulher real, emocionalmente afetada e sobrecarregada, tem sido abordada por escritoras como Elena Ferrante, Carla Madeira e Conceição Evaristo.

Kellen também cita personagens de obras que são leituras obrigatórias nos vestibulares Fuvest e Unicamp, Caminho de Pedra e O Quinze, respectivamente, ambas escritas por Rachel de Queiroz e pertencentes aos Modernismo. Segundo a professora, os dois livros trazem personagens que sofrem com as expectativas sociais para a figura da mulher e da mãe, mesmo que de formas diferentes. 

“Essa imagem, aliada à representação genuína da maternidade, ganha força no cenário literário quando a autoria feminina começa a conquistar um espaço maior nesse cenário. Em meados do século XX, por exemplo, temos publicações emblemáticas fortalecendo a imagem real da maternidade desafiadora.” Mariana Veiga

Entrevistadas da matéria sobre o Dia das Mães
Mariana Veiga, à esquerda, e Margarete Xavier, à direita.
Crédito: Acervo pessoal.

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A literatura na construção da figura materna

Margarete cita que um dos livros indicados como leitura obrigatória para o Vestibular 2025 da UERJ é “O conto da aia”, de Margaret Atwood, é uma possibilidade de uma análise nos padrões culturais e políticos dentro da figura materna. Enquanto Kellen reforça que a presença da figura materna em obras leva à reflexão sobre como essa posição é, frequentemente, invisibilizada dentro da sociedade.

Mariana também acredita que a literatura seja uma forma de desconstruir estereótipos, uma vez que esse espaço dá voz a personagens que, no ado, eram silenciadas. “No percurso histórico da literatura, a forma como a maternidade é retratada nos livros reflete não apenas a visão social do papel da mulher, mas também transforma essas perspectivas”, reflete a professora.

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