A guerra comercial entre Estados Unidos e China neste ano começou quando o presidente estadunidense, Donald Trump, anunciou tarifas em relação aos produtos chineses, chegando ao valor de 145%. Em retaliação, o governo chinês tarifou produtos estadunidenses. Uma pausa, com redução dos valores, foi anunciada nesta semana.
O tarifaço, como ficou conhecido o anúncio de tarifas em produtos não somente chineses, mas também brasileiros e de dezenas de outros países, foi tema do noticiário global e ficou entre os assuntos mais comentados no mundo.
O Brasil Escola conversou com professores de Geografia e Atualidades para comentar e contextualizar sobre o tema. Os educadores compartilham dicas de estudo sobre o assunto e comentam como esse conflito comercial internacional pode aparecer em provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares.
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O que é a guerra comercial entre EUA e China?
A guerra comercial entre Estados Unidos e China foi instaurada enquanto uma rivalidade desde 2018, no primeiro mandato de Donald Trump, presidente estadunidense, pontua Luís Felipe Valle, professor de Geografia e Atualidades do Colégio Oficina do Estudante.
Na ocasião, o governo do EUA impôs tarifas em produtos chineses, alegando práticas desleais, roubo de propriedade intelectual e déficit comercial. Luís Felipe evidencia que, na prática, "essa ofensiva marcou uma reação tardia dos EUA em relação à ascensão chinesa como nova potência econômica, tecnológica e diplomática global".
Neste ano, no segundo governo de Trump, o presidente anunciou tarifas sobre produtos importados da China, chegando a 145%. Em seguida, como forma de retaliação, a China anunciou tarifas que chegaram a 125% em relação a produtos estadunidenses.
Na última segunda-feira, 12 de maio, os países anunciaram uma redução significativa das tarifas de forma temporária, por um período de 90 dias, conforme comunicado oficial dos respectivos governos. Nesse sentido, os EUA terão de reduzir as tarifas de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá de 125% para 10%.

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Contextualização histórica
Após a Segunda Guerra Mundial, a partir da década de 1970, houve uma transformação intensa na forma como a indústria mundial se organizava e operava. A produção deixa de ser baseada no Fordismo e começa a ingressar na organização toyotista, evidencia Daniel Simões, professor de Geografia e Atualidades do Colégio Oficina do Estudante.
Nesse sentido, as fábricas aram a se dividir em setores (como de telecomunicações e biotecnologia) e ocorreu uma redução da mão de obra e uma automatização e robotização do processo produtivo, afirma Daniel.
Com isso, houve um questionamento em relação ao paradigma político vigente, até então o Keynesianismo (que começou a ser implantado desde a crise de 1929). Surgiu a ideia do neoliberalismo, em que o Estado diminui sua participação na economia para garantir uma maior abertura comercial, afirma o professor Simões.
Muitas fábricas aram a ser instaladas em outros países, onde o custo produtivo era menor que os Estados Unidos. Isso se relaciona, conforme Daniel, ao que os alunos estudam no processo de globalização. A intenção de Trump, ao aplicar as tarifas, foi incentivar as indústrias a se reinstalarem nos Estados Unidos, afirma o educador.
"É importante saber que isso não é viável, praticamente todos os economistas concordam que essa fórmula não vai funcionar, porque o que acontece hoje é muito diferente do que a gente tinha lá no contexto do pós-guerra. A produção é cada vez mais robotizada, os americanos hoje têm o a bens muito baratos, porque eles são crescentemente produzidos em países periféricos e a volta efetiva dessa indústria é praticamente impossível, porque ela geraria um aumento de preços brutal e uma redução de consumo, ou seja, ela geraria uma escalada inflacionada"
Daniel Simões - Professor de Geografia e Atualidades

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Como a guerra comercial entre EUA e China pode cair no Enem e vestibulares?
A guerra comercial entre EUA e China pode ser abordada e cobrada em provas do Enem e vestibulares, segundo professores. Entre os temas relacionados ao assunto, os educadores citam:
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Mudanças de paradigma dentro da indústria e política global;
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Fordismo e suas características
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Toyotismo
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Globalização
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Conceitos de exportação e importação
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Balança comercial
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Por que os EUA compram muito da China e não vendem tanto para os chineses?
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Dicas de estudo sobre a guerra comercial entre EUA e China
Como dica de estudo sobre a guerra comercial entre EUA e China, o professor de Geografia Sebastian Fuentes, do Curso Anglo, afirma que é importante saber conceituar termos centrais como: globalização, desconcentração industrial e a Divisão Internacional do Trabalho, também chamada como DIT.
Para Sebastian, é interessante que os estudantes saibam responder às questões abaixo:
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Quais são os produtos que a China manda para os Estados Unidos?
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Quais são os produtos que o Brasil manda para os Estados Unidos?
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Por que os Estados Unidos estão, hoje, taxando muito o alumínio?
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Porque também, ao mesmo tempo, essa taxação pode “beneficiar” a China em busca de novos mercados?
O professor Luís Felipe considera que durante os estudos sobre temas como esse é preciso ir além das narrativas polarizadas de "mocinhos e vilões" e tecer uma compreensão crítica. Para isso, é preciso adotar uma perspectiva interdisciplinar que combina Geografia, História, Sociologia, Economia e até Ciência Política, considera.
Na opinião de Daniel, a prova não exigirá dos candidatos que eles saibam questões específicas e pontuais em relação à economia e os resultados da política econômica de Trump. Essas avaliações cobrarão um entendimento sobre a lógica defendida pelo presidente dos EUA e quais são os motivos dela ser questionável.
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Entenda como o tema de globalização pode ser cobrado na prova do Enem:
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